Beleza, jovialidade e um Retrato

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Após ler O Retrato de Dorian Gray (The picture of Dorian Gray) de Oscar Wilde, eu e uns amigos ficamos comentando sobre o livro. Uma obra sensacional e brilhante. E acabamos fazendo uma análise que ainda não encontrei: os três personagens que são envolvidos no livro (Dorian Gray, Lorde Henry e Basil Hallward) podem ser a personificação de Wilde. De três épocas distintas, mas encontrados em um mesmo plano. Parece bobagem né?

Vamos perceber isso, ao longo de outras analises da obra.
Ao escrever um breve prefácio, em 1891, Oscar, demonstra sua intelectualidade cuja encontramos na personalidade de Lorde Henry. "Meu romance vai aparecer no próximo mês, estou curioso em ver se estes jornalistas miseráveis vão atacá-lo de modo tão ignorante e desregrado como fizeram antes. Meu prefácio deve lhes ensinar a corrigir suas maneiras infames". No decurso do romance, Oscar Wilde usa um de deus personagens para afirmar. "De todos os povos do mundo, os ingleses tem menos sentido da beleza da literatura". Propõe ao leitor e sobretudo ao crítico literário, como guia de seu trabalho, uma ética da beleza.

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Isso não pode justificar nada, pois, todo escritor, em sua obra, poe um pouco de si. Mas, se pararmos para pensar, principalmente quem já leu a obra, encontramos sinais de que os três personagens tem uma profunda relação. Parece que eles se entendem e que há uma amizade tão próxima, e há um grau de conhecimento e maturidade. Dorian, o mais novo, o mais jovem, até então no começo puro, belo e ingênuo. Basil Hallward, na transição da maturidade, o que ainda comete erros, se deixa levar pelo fato, se encontra narcisicamente em Dorian, um pouco ingênuo e com traços de maturidade. E o Lorde Henry, o ápice do conhecimento, se acha o mais sábio, o mais "vivido", procura sempre dar conselhos e oprimir os outros, convencido de que sua visão está sempre certa e que tem uma resposta pronta pra qualquer pergunta. E assim percebemos o que o autor poderia ter feito, um romance, onde há uma interação/diálogos com seus três "eus".

A Mariana autora do site Bitpop diz:
Dorian Gray é um cara de uns 17 anos bonitão, perfeito, daqueles que todo mundo acha bonito. Unanimidade total. Ainda por cima, o cara é ricaço, podre de rico. Aristocracia total. O único porém, é que ele é super bobinho e ingênuo. Ele tinha um amigo, um pintor chamado Basil Hallward. O Basil era legal e tal, mas era meio chatão as vezes, especialmente quando pintava. O Basil não era um grande pintor, mas o Dorian Gray era tão bonito, que quando o Basil pintou ele, virou uma obra de arte na hora.

Enquanto Dorian posava, ele conheceu Lorde Henry Wotton, um cara intrigante, egoísta, hedonista e principalmente, convencido que sua visão está certa. Ele tem algumas opiniões no mínimo polêmicas. Daqueles caras que sempre tem uma respostinha pronta pra qualquer pergunta. Eu não concordava com quase tudo do que ele falava, mas nossa, as justificativas, a retórica e a argumentação dele eram ótimas. De longe, um dos melhores personagens que eu já vi. Uma pessoa definitivamente de pensamento tentador e perigoso.

Aconteceu que Henry acabou convencendo Dorian que a beleza é a coisa mais importante no mundo, afinal, passam os anos, e a beleza nunca deixa de ter sua importância, quem é bonito sempre é bem sucedido. Claro, a idéia do que é belo pode mudar, por exemplo, séculos atrás quem era gordinho era bonito, hoje quem é magrelo, mas o que importa é que, a despeito do padrão em vigor na sociedade, quem é bonito sempre consegue tudo o que quer. Na concepção de Henry, não importa se a pessoa é má, a beleza o expiará de todos os seus pecados.

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Um dia, Dorian Gray observou seu retrato, e constatou, tristemente, que aquele retrato manteria aquela beleza juvenil para sempre ao passo que ele envelhecerá e aos poucos, será cada vez mais desprezado. Nisso, ele diz:

Que tristeza ! Eu envelhecerei, ficarei horrível, medonho. Mas esse quadro sempre se manterá jovem. Nunca será mais velho do que esse dia de Junho … Se fosse o contrário ! Se fosse eu que me mantesse jovem e o retrato que ficasse velho! Por isso, — por isso — Eu daria tudo ! Sim, não há nada no mundo todo que eu não daria por isso.

Ou seja, assim como em Fausto, Dorian daria até sua alma pele juventude eterna. O diabo não apareceu para assinar o contrato, mas o desejo dele foi igualmente atendido. E a visão deturpada de Dorian acabou o levando a cometer os mais horríveis pecados. Não foram poucos os que sucumbiram direta ou indiretamente por causa dele. E a cada pecado, o retrato se desfigurava cada vez mais, até se tornar algo irreconhecivel, amedontrador, nojento.

"O livro inicia destacando o real da beleza: sua beleza é tal que a arte não pode expressá-la. E o real da beleza aparece como o esplendor que cega e que justamente opera a extinção do desejo. A cegueira provocada pela beleza mata o desejo e provoca a explosão do real. Esta beleza ultrapassa os limites do simbólico. Dorian Gray se tornou obstáculo ao sentido abstrato da beleza, isto é, à elaboração simbólica. Basil reconhece que foi invadido pelo real da "loucura" dolatrando Dorian que lhe devolve, às avessas, o culto. Como um Deus, Basil viria sua alma, como Deus, Basil é o criador da exaltação de sua beleza. O responsável por tudo o que lhe aconteceu na vida, pois foi Basil que o apresentou a Henry, responsável pelo real da beleza será esmagado pelo real do ódio. Invadido pelo real do gozo, pelo real da alucinação, Dorian não acredita mais no poder das palavras de Basil que reconhece seu pecado e pede a misericórdia divina : estas palavras não significam nada para mim agora. Não vês que a coisa maldita nos olha mangando?

A arte deve ser julgada pela beleza. Nada mais correto. É a ética proposta por Oscar Wilde. Paradoxalemente, o livro apresenta a exaltação narcísica da beleza de Basil que se identifica com o objeto de sua idolatria revelando a Dorian sua beleza a cultuar, o que Henry exalta, estimulando a atos perversos e destruidores. E a beleza da arte do teatro é de tal maneira exacerbada que a atriz é anulada diante do personagem que representa". Analise de "A Beleza em O Retrato de Dorian Gray" por Jacques Labergue.


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A obra se resume em tudo o que é belo. Mostra a beleza, sendo a coisa mais importante no mundo, afinal, como afirma Lorde Henry, passam os anos, e a beleza nunca deixa de ter sua importância, quem é bonito sempre é bem sucedido... quem é bonito sempre consegue tudo o que quer. Na concepção dele, não importa se a pessoa é má, a beleza o expiará de todos os seus pecados. Com essa lavagem cerebral, Henry induziu Dorian a mudar de atitudes e a cometer erros. Fez com que este plantasse seu final trágico. Mostra as terríveis conseguências da vaidade e da ganância. Agora se o Oscar se auto personificou em três personagens, não se sabe ao certo, mas que ele demonstra isso ao longo da obra, é visível aos olhos de quem ler.

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- Oscar Wilde (1854-1900) -

Comentários

Mariane Machado disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Mariane Machado disse…
Eu me identifiquei sim, meu nome tá lá no Sobre mim do bitpop.info
T.Ribeiro disse…
Parabéns,Paulo!
*-*
PauloScap disse…
aew. Mariane já coloquei os créditos. xD

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