Preparem os tamborzinhos, aquçam o couro das matracas e ajustem bem os fones de ouvido porque "Betânia" chegou. E chegou como quem já conquistou o mundo e agora só quer dar aquele passeio triunfal pelo quintal de casa. O primeiro longa de Marcelo Botta, produzido pela Salvatore Filmes, estreia no Maranhão no dia 24 de abril e, em 8 de maio, invade as salas do resto do país. Sim, Brasil, é hora de parar de pagar pau para o Oscar e finalmente ver o que o cinema nacional tem de melhor: identidade, música, suor, alma e um bocado de maranhensidade.
E quem ainda tem aquela conversa fiada de que "o cinema brasileiro não tem prestígio lá fora" pode rasgar essa cartilha cafona. "Betânia" fez bonito no 74º Festival de Berlim, passou por 20 festivais em 16 países, e ainda trouxe para casa o New Hope Award no Malaysia International Film Festival, abrindo as portas do mercado asiático. O filme andou pela Índia, pela China e fez europeu se remexer na poltrona ao som do Bumba Meu Boi. Marcelo Botta diz que já viu gente rindo, chorando e dançando durante as sessões. Provavelmente tudo ao mesmo tempo.
A história de "Betânia" se passa nos Lençóis Maranhenses, aquele cenário surreal que é melhor que qualquer CGI da Marvel. No centro da trama, Betânia, uma parteira de 65 anos, retorna ao povoado de onde veio, mas onde nunca viveu. Entre tradições, reencontros e transformações, ela busca renascer junto com as flores que brotam na seca. Isso tudo misturando comédia, drama e aventura, embalado pelo Tambor de Crioula, pelo Reggae Remix e pelo Bumba Meu Boi. E se isso não te convenceu a ver o filme, bom, talvez você esteja morto por dentro.
O elenco é uma exaltação ao talento maranhense: Diana Mattos brilhou tanto que levou a Menção do Júri como Melhor Atriz no Festival do Rio, enquanto Nádia D'Cássia, Caçula Rodrigues, Ulysses Azevedo, Michelle Cabral e Rosa Ewerton Jara somam indicações internacionais. O mestre Tião Carvalho é daqueles que não só atua, mas também compõe, canta e ainda leva indicação a melhor ator. Sério, Hollywood, pega o caderninho e anota.
A trilha sonora é um delírio maranhense, com músicas de Tião Carvalho, Alcione e João do Vale, sem falar nas toadas do Boi da Betânia. O filme já nasceu cult, mas não aquele cult cansativo que te faz fingir que gostou. "Betânia" é a obra que conquista na autenticidade e na potência, como provou na première nacional no Festival Guarnicê de Cinema, onde os ingressos evaporaram em 30 minutos. Mais rápido que os cambistas do Rock in Rio.
Agora, a pergunta que não quer calar: você vai ser daqueles que esperam "Betânia" sair no streaming para ver em casa enquanto mexe no Instagram ou vai fazer o que tem que ser feito e assistir na telona, sentindo o som vibrar no peito e a cultura maranhense entrar pelos poros? Escolha sabiamente. Quem já viu garante que assistir "Betânia" no cinema é como participar de um grande festejo: se você não se emocionar, é porque não estava lá.
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