Na quarta-feira, 9 de abril, chega à televisão a sexta e última temporada de The Handmaid’s Tale, série baseada no romance visionário de Margaret Atwood. Em um momento em que o mundo real parece cada vez mais refletir os alertas ficcionais, a produção se encerra não como uma despedida, mas como um grito de alerta — um convite à vigilância, à resistência e à valorização da liberdade.
Desde sua estreia, The Handmaid’s Tale nos conduz por uma realidade distorcida, porém assustadoramente plausível. A fictícia República de Gilead é fruto de um colapso democrático que deu lugar a um regime totalitário teocrático, onde mulheres são reduzidas a funções biológicas e o Estado se vale da religião como ferramenta de dominação. A protagonista, June, é o fio condutor dessa distopia, mostrando com crueza o impacto do autoritarismo nos corpos e nas subjetividades femininas.
Mas o que faz dessa série algo tão necessário — especialmente agora?
A resposta está nos ventos que sopram em diversas partes do mundo. Crescem os discursos de ódio disfarçados de moralidade. Avançam os retrocessos disfarçados de “valores tradicionais”. Assistimos, em pleno século XXI, a tentativas de erosão da democracia, ataques à diversidade, à liberdade de imprensa e aos direitos das mulheres e das minorias. The Handmaid’s Tale não é apenas entretenimento sombrio — é um manual simbólico sobre como regimes autoritários se constroem, passo a passo, muitas vezes com o apoio de parte da sociedade que acredita estar fazendo o bem.
Ao longo das temporadas, a série mostra que a ascensão do extremismo não acontece da noite para o dia. Ela começa com o silêncio cúmplice, com pequenas concessões, com a normalização do intolerável. A Gilead de Atwood nasceu de uma sociedade cansada, polarizada, seduzida por promessas de ordem e pureza. Um reflexo sombrio de tempos que já vimos — e tempos que, infelizmente, ainda vivemos.
A importância de The Handmaid’s Tale vai além da ficção. É uma série que ensina, provoca e nos obriga a olhar para o presente com olhos críticos. Que nos mostra que liberdade, uma vez perdida, não se recupera sem luta. E que, por mais desesperadora que seja a opressão, sempre haverá resistência.
O fim da série é, ao mesmo tempo, um novo começo. Um convite à ação. Que jamais sejamos servas. Que nunca nos calemos.
Veja o trailer abaixo:
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