Livros de Tetê Medina são jogados no lixo e expõem descaso com a cultura: por que não doar para bibliotecas?


Na última quarta-feira (04), uma cena melancólica tomou conta da Rua Maria Angélica, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro. Livros de teatro, filosofia, literatura e psicanálise foram descartados na calçada, expostos à indiferença e às intempéries. Essas obras pertenciam à atriz e artista plástica Tetê Medina, falecida em julho deste ano aos 84 anos, que residiu naquele endereço por décadas. O apartamento, aparentemente fechado desde sua morte, estava sendo esvaziado, resultando no triste destino de sua biblioteca pessoal.


Tetê Medina brilhou em novelas como “Água Viva” (1980), onde interpretou Lucy Fragonard, e deixou sua marca no teatro, sendo indicada ao prêmio Molière pela peça “Hipólito” (1968). Sua trajetória artística reflete uma vida dedicada à cultura e às artes. Diante disso, o descarte de sua coleção de livros suscita uma reflexão profunda sobre o valor que atribuímos ao patrimônio intelectual e cultural de indivíduos que tanto contribuíram para a sociedade.


Livros são mais do que páginas encadernadas; são portais para conhecimento, história e imaginação. Descartá-los de forma negligente é desperdiçar oportunidades de aprendizado e inspiração para outras pessoas. Em vez de serem relegados ao lixo, tais acervos poderiam enriquecer bibliotecas públicas, escolas ou projetos sociais que promovem a leitura e a educação.


Felizmente, existem iniciativas no Brasil dedicadas a dar novo propósito a livros usados. O projeto “Pegaí Leitura Grátis”, por exemplo, criado em 2013 em Ponta Grossa, Paraná, aproxima livros sem leitores de leitores sem livros, disponibilizando obras em estantes de acesso público.  Já o “SOS da Cultura” retira livros gratuitamente, classificando-os e destinando-os à venda em sebos, ONGs ou reciclagem, garantindo que continuem a cumprir sua função social.  O “Projeto Livros para Todos” arrecada e distribui livros para formação e ampliação de bibliotecas públicas e comunitárias, incentivando o hábito da leitura e democratizando o acesso à cultura. 


Ao invés de descartar livros, é fundamental considerar a doação para tais projetos ou diretamente para bibliotecas públicas e escolas. Essa atitude não apenas preserva o valor material das obras, mas também perpetua o conhecimento e enriquece a comunidade. A preservação de acervos literários é um compromisso com a memória cultural e um investimento no futuro educacional de nossa sociedade.


Que o episódio envolvendo os livros de Tetê Medina nos sirva de alerta e inspiração para cuidarmos com mais zelo do patrimônio literário que nos cerca, reconhecendo nos livros instrumentos poderosos de transformação e inclusão social.


Comentários