História: 30 de abril de 1945, a morte de Hitler e o fim de uma era sombria

No subsolo de uma Berlim em ruínas, o silêncio era entrecortado por explosões distantes. As paredes grossas do Führerbunker tremiam levemente a cada bombardeio, como se até o concreto soubesse que chegava o fim. Do lado de fora, a cidade ardia — colunas de fumaça subiam para um céu cinza e pesado, onde os gritos de civis e soldados se confundiam com o eco dos tiros. Dentro daquele refúgio lúgubre, onde o tempo parecia estagnado, Adolf Hitler, outrora o homem mais temido da Europa, andava curvado, mãos trêmulas, olhos perdidos em mapas que já não significavam mais nada. O Terceiro Reich estava morrendo com ele.

Era 30 de abril de 1945. A Segunda Guerra Mundial estava em seus estertores. Tropas soviéticas cercavam Berlim. A cidade era um campo de batalha. Ruas transformadas em trincheiras, prédios reduzidos a escombros e os cidadãos, antes inflamados pela retórica nazista, agora buscavam apenas abrigo — ou salvação. Dentro do bunker, o clima era de desespero velado. A utopia milenar prometida por Hitler se resumia agora a poucos metros quadrados subterrâneos e a rostos pálidos que temiam mais o futuro do que a derrota.

Hitler, com apenas 56 anos, parecia envelhecido por décadas. A mão esquerda tremia de forma contínua. As reuniões com seus generais haviam perdido o fervor. Nenhum plano fazia mais sentido. Eva Braun, sua companheira de anos, agora sua esposa de um único dia, posava com um sorriso artificial para a tragédia anunciada. Ambos sabiam o que viria. Ele havia decidido: não seria capturado, não seria humilhado, não veria o Reich cair de pé — preferia levá-lo consigo à cova.

Naquela tarde de abril, Hitler se despediu de seus mais próximos. Mandou servir uma última refeição simples. Recolheu-se com Eva em seus aposentos. Pouco tempo depois, um disparo seco ecoou no bunker. Eva havia ingerido cianeto. Hitler, ao lado dela, deu um tiro na têmpora. Quando os ajudantes encontraram os corpos, o cheiro ácido do veneno ainda pairava no ar. As instruções eram claras: os corpos deveriam ser queimados. Não haveria túmulo. Não haveria santuário. Somente cinzas.

A morte de Hitler não foi apenas o fim de um ditador — foi o colapso simbólico de uma era de horrores. O Terceiro Reich, que prometera mil anos de glória, sucumbiu em apenas doze. Com a confirmação do suicídio, o comando do que restava do governo nazista caiu nas mãos do almirante Karl Dönitz, que tentou, sem sucesso, manter alguma ordem nos dias finais. Pouco depois, em 7 de maio, a Alemanha assinaria sua rendição incondicional aos Aliados. O mundo celebrava, mas também chorava suas feridas.

Hitler morreu sem glória, sem exército, sem povo, sem legado digno. O império que construiu à base de ódio e medo virou pó. Seu nome, hoje, é sinônimo de barbárie. E Berlim, a cidade onde ele selou seu destino, renasceu das cinzas para se tornar símbolo de outra história: a da superação.

No calendário do século XX, poucos dias carregam tanto peso quanto aquele 30 de abril. Não pelo fim de um homem, mas pelo fim de uma ideia. Uma ideia doentia, racista, imperial, que custou ao mundo mais de 60 milhões de vidas. E que ainda hoje exige memória, vigilância e humanidade para jamais retornar.

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