Viena, 1791. O inverno desenhava sua melodia fria nas janelas embaçadas, enquanto os sinos das igrejas marcavam as horas com um tom grave, quase fúnebre. A cidade cheirava a madeira queimada e silêncio contido, como se todos pressentissem algo à espreita. Dentro de um quarto escurecido por cortinas pesadas, repousava um homem de olhos febris e mente febril — Wolfgang Amadeus Mozart. Ao seu lado, um aprendiz apressado anotava compassos ditados com a urgência de quem tenta vencer a própria morte numa corrida de notas. Lá fora, a vida seguia. Lá dentro, nascia a última música.
Uma música sombria. Solene. Com cara de trilha sonora de filme de vampiro da A24.
Era o Requiem em Ré menor, uma missa para os mortos. Spoiler: ele não terminou. E sim, era para ele mesmo.
Agora, respire fundo, porque o que vem a seguir parece roteiro da Netflix:
A história começa com um homem misterioso (com capa, claro, porque todo personagem misterioso usa capa), que bateu à porta de Mozart com um pedido: compor um Requiem para "alguém". Sem dizer quem. Nem por quê. Nem para quando. Muito saudável.
A lenda diz que Mozart, doente, hipocondríaco e sempre um tanto gênio-dramático, começou a achar que estava compondo sua própria missa fúnebre. O que, cá entre nós, é o auge da produtividade artística. Alguns escrevem cartas de despedida. Ele escreveu uma sinfonia para a morte.
🎼 UM COMPOSITOR, VÁRIAS MÃOS
Mozart morreu com 35 anos (o que nos deixa deprimidos e repensando nossos talentos). E o Requiem… bem, ele ficou inacabado.Várias partes estavam apenas rabiscadas, outras ausentes, algumas com anotações do tipo “Franz, você resolve isso aqui depois”.
Süssmayr — o aluno corajoso — assumiu a bronca. Pegou os esboços, inventou algumas transições, colocou molho nas cordas e tcharam: terminou o Requiem. Ou quase isso.
Hoje, musicólogos (uma espécie de CSI da música clássica) ainda discutem:
– O que Mozart escreveu de verdade?
– Onde começa o Süssmayr e termina o Mozart?
– Mozart teria curtido esse finalzinho ou ia dizer "desculpa, você estragou minha vibe gótica"?
💀 A PARTE MAIS MACABRA: E SE…
E se o tal homem misterioso fosse uma alucinação febril? E se o Requiem foi mesmo encomendado por forças místicas? E se a morte encomendou a própria trilha sonora porque achou que estava faltando “drama” na playlist do Além?
Tem até teoria de conspiração dizendo que Salieri, rival clássico e eterno meme da inveja musical, teve algo a ver com a morte de Mozart. Mas calma, não vamos culpar o coleguinha — ele já foi injustiçado o suficiente no filme Amadeus.
🎧 E HOJE?
Hoje, o Requiem é uma das obras mais tocadas e celebradas de Mozart. Emoção pura. Violinos em prantos. Coros celestiais. E um quê de “último suspiro criativo” que deixa qualquer um arrepiado (mesmo que esteja ouvindo no Spotify, enquanto lava a louça).O mistério da última música de Mozart permanece — como toda boa lenda deve permanecer: sem solução definitiva, com pitadas de gênio, loucura, drama, e uma melodia que nos faz lembrar que até a morte pode ter trilha sonora.
Curiosidade extra para fechar com estilo: dizem que, nos seus últimos dias, Mozart pediu uma almôndega e uma colher de galinha. Não sabemos o que ele pensava sobre o Requiem naquele momento, mas podemos apostar que ele ainda estava tentando viver até o último compasso. E comer até a última mordida.
Ouça na íntegra a música de Mozart:
📻 Até a próxima curiosidade musical. Aqui quem fala é o repórter que já não compõe, mas adora especular sobre quem morreu compondo.
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