Em um mundo onde a catástrofe sempre vem com um nome pomposo — colapso climático, pandemia global, crise econômica, guerra nuclear, queda do WhatsApp — os ultrarricos têm um plano infalível: cavar buracos e se enfiar dentro deles.
A ideia de se esconder do apocalipse é antiga, praticamente um clichê cinematográfico. Quem nunca viu um filme de zumbi onde os bilionários correm para um bunker ultraequipado, enquanto o resto da população tenta sobreviver com um taco de beisebol e um miojo vencido? Pois é, dessa vez não é ficção.
O mercado de bunkers de luxo nos EUA deve bater a modesta marca de US$ 175 milhões até 2030. É o capitalismo seguindo sua regra básica: sempre tem um mercado novo para explorar. Primeiro, venderam casas; depois, apartamentos de 20m² por preço de castelo; agora, venderam a última promessa: "Sobreviva ao fim do mundo com conforto!".
Os abrigos subterrâneos custam desde US$ 20 mil (uma kitnet underground) até mansões subterrâneas dignas de um vilão de 007. O Mark Zuckerberg, por exemplo, já investiu R$ 1,6 bilhão em um bunker no Havaí, incluindo saídas estratégicas, porque até o apocalipse precisa de um plano de fuga. O sonho de toda criança era ter um forte secreto debaixo da terra; o dos bilionários é basicamente o mesmo, mas com sistemas de filtragem de ar e piscina climatizada.
A ironia? Esses bunkers são, na melhor das hipóteses, soluções temporárias. Em um cenário de guerra nuclear, a radiação ficaria na atmosfera por décadas. Ou seja, os ricos desceriam aos seus paraísos subterrâneos e, anos depois, subiriam para um mundo que ainda cheira a churrasco de plutônio. Não à toa, os bilionários têm treinado seguranças particulares para protegê-los de uma rebelião pós-apocalíptica. Eles sabem que até a fidelidade tem um preço.
No Brasil, não ficamos para trás. Uma pesquisa de 2005 revelou 102 bunkers, sendo 63 só em São Paulo. Ou seja, há tempos os paulistanos têm um "plano B". Talvez seja medo do caos urbano, ou talvez seja porque, em SP, até o inferno tem fila.
No fim das contas, essa história de bunker é como toda solução para ricos: serve só para eles. Enquanto isso, o resto do mundo segue no velho plano A: trabalhar, pagar contas e torcer para que o próximo meteoro erre a rota. Se não errar, bom... pelo menos não teremos que aturar os bilionários por muito tempo.
FONTE: The News
Comentários