Quarta Literária: A arte polêmica e contemporânea de Marina Abramovic no livro Pelas Paredes

Aos 14 anos, Marina Abramovic teve sua primeira aula de pintura. Depois de atirar tinta sobre a tela, o professor, um amigo de seu pai, acrescentou um pouco de areia e pigmentos coloridos, derramou gasolina, acendeu o fósforo, explodiu a obra e disse ao final: “Isso é um pôr do sol”.

No Quarta Literária de hoje vamos falar sobre o livro desta incrível artista. Conheci Marina Abramovic através do impressionante e emocionante documentário “Marina Abramovic: A Artista Presente”, produzido em 2010, pelo diretor Matthew Akers, no qual foi convidada pelo Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), para realizar uma retrospectiva de sua obra. Ela aceitou o desafio e decidiu relembrar algumas de suas mais famosas peças. Entretanto, o principal destaque não teve nada de retrospectiva, ela desenvolveu um novo conceito e por três meses, por várias horas do dia, simplesmente ficava sentada em uma cadeira enquanto várias pessoas passavam pela cadeira em sua frente.

São diversas as cenas em que o espectador precisará enxugar os olhos, em especial no reencontro entre a artista e seu parceiro Ulay, com quem não falava há mais de 20 anos. Assistir esse recorte da obra dessa grande artista me fez abrir os olhos para a experiência performática, o pensar fora da caixa. Além de emocionante é denso e reflexível. Posso qualificar o trabalho de Abramovic, dessa forma. Denso e reflexível.
  
No livro “Pelas Paredes”, o leitor encontra um relato visceral de uma artista que foi além dos limites da dor, da exaustão e do medo e se tornou um dos principais nomes da arte contemporânea.

Encontramos fatos da sua adolescência onde a experiência teve papel marcante em suas criações: “Ela me ensinou que o processo era mais importante que o resultado, exatamente como a performance significa mais para mim do que o objeto”, contou Marina.

Seu livro de memórias revela que a ousadia de sua produção artística é também a manifestação de liberdade de alguém que veio de uma família extremamente rígida e que viveu em tempos sombrios, numa ditadura comunista na Iugoslávia dos anos 1940 aos 1970. Sua mãe era major do exército e seu pai foi designado para a guarda de elite do ditador marechal Tito. Marina sempre teve uma relação conturbada com a mãe, uma mulher culta e pouco afetuosa, e acabou se afastando do pai após a separação do casal, reencontrando com ele apenas dez anos depois.

Entre as viagens relatadas no livro estão diversas passagens pelo Brasil, entre elas sua visita a xamãs em Curitiba, ao médium João de Deus, conhecido mundialmente por suas atividades de cura, e sua participação em ritos religiosos, alguns deles na Chapada Diamantina. Parte dessas experiências foram registradas no filme “Espaço Além: Marina Abramović e o Brasil.”

Marina Abramovic iniciou sua carreira no início dos anos 1970 e está em atividade desde então. Ela é considerada uma das pioneiras da arte da performance.

UM POUCO SOBRE A ARTISTA:
Três anos após o contato com a arte, Marina começou a se preparar para entrar na Academia de Belas Artes de Belgrado, já com a ideia de que poderia fazer arte a partir de absolutamente qualquer coisa, fosse fogo, água ou o próprio corpo.

Em 1973, apresentou em Edimburgo uma de suas primeiras performances: Rhythm 10, que consistia em fincar facas no espaço entre os dedos de uma das mãos o mais rápido possível, se expondo aos quase inevitáveis cortes.
De lá pra cá, foram inúmeros experimentos polêmicos com simbologias curiosas, como oferecer objetos ao público, incluindo um revólver, para que fizessem o que desejassem com ela, correr e se lançar de encontro a paredes, deitar em volta de uma área em chamas, dar a volta na Muralha da China e a emblemática performance já citado acima, The artist is present, que levou cerca de 850 mil pessoas ao MoMA em 2010. 

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