Dos desenhos surreais e incoerentes é que a gente gosta mais?

Observando-os de uma forma crítica e antropológica, as séries animadas formam e moldam os pensamentos de muitas crianças. Os desenhos têm o poder de influenciar o comportamento das crianças já que, assistindo-os, elas tendem a imitar seus personagens favoritos.

Tendo em vista essa consideração e analisando as séries animadas a seguir formulam-se algumas perguntas, por meio do surgimento de muitos desenhos que seguem a mesma ideia, são dos surreais e incoerentes que a gente gosta mais? Qual é a realidade desses desenhos e os objetivos deles?

Analisando o pioneiro canal fechado de desenhos animados, Cartoon Network, observa-se a similaridade e a conectividade em que os principais desenhos do canal se apresentam: O Mundo de Gumball, Apenas um Show e Hora da Aventura. Três séries animadas que passam dos limites da obviedade, da incoerência e raciocínio. 


  1. O Mundo de Gumball (2011) conta a história de um gato que está no colegial e tem um irmão peixe que não precisa respirar de baixo d’água para sobreviver, é filho de um coelho com uma gata e tem uma irmãzinha coelha. O pai é mais sem noção que todas as crianças reunidas e, mesmo sem mostrar um momento de inteligência ou coerência, realiza ações incompreensíveis. O protagonista, o gato Gumball, também bebe da fonte e junto com o irmão peixe desenrolam uma trama sem pé nem cabeça.
  2. Apenas Um Show (2010) conta a história de uma ave Gaio-azul, chamada Mordacai, que é amigo de um guaxinim, chamado Rigby, são jardineiros e trabalham em um parque para Benson, uma máquina de bala de chiclete viva. Eles são preguiçosos e sempre enrolam para trabalhar. Os episódios são surreais e os fazem viver experiências incoerentes que chega a ser cansativo e chato para quem assiste. Os personagens interagem no decorrer das cenas surreais naturalmente como se nada fosse estranho tornando um roteiro chulo e sem noção.
  3. Hora da Aventura (2010) é o mais incoerente de todos. Finn, o garoto, e Jake, o cão, percorrem um continente fictício chamado "Terra de Ooo" envolvendo-se em aventuras fantásticas, salvando princesas e ajudando a todos que precisam. É nesta trama que objetivos, personagens e narrativas surreais surgem a todo momento fazendo o público perguntar o real motivo de estar assistindo algo assim. O cão pode se transformar e a mudar seu formato o tempo todo. O vilão, o Rei Gelado, tem a clara característica de ser pedófilo e tarado sexual, é obcecado em capturar princesas na esperança de que uma delas seja sua esposa, até ameaçando-as de morte caso se recusem.
As narrativas, o desfecho dos episódios e as temáticas colocadas em evidência compõem importante espaço pedagógico que, de forma prazerosa, lúdica e envolvente, organizam e difundem uma gama importante de significados para as crianças, que balizam as formas de ser, estar e se relacionar em sociedade. E o que esses desenhos surreais e sem sentido contribuem para a formação de uma criança? Independente da idade da criança, alguns desenhos podem estimular a violência, o egoísmo, a sexualidade. 

Nos anos 80 e 90, os desenhos embora com poucos recursos tecnológicos reproduziam formas e lições voltadas para as crianças. Assim como eram grande canal de educar e mostrar ao público assuntos como ecologia e a importância de ter uma formação escolar. 

É o caso, por exemplo, do desenho Capitão Planeta (1990) que conta a história de cinco adolescentes de várias partes do mundo (América do Norte, África, Leste Europeu, Ásia e américa do Sul) que receberam poderes de Gaia, espírito da Terra, para proteger o planeta das ameaças ecológicas.

O Fantástico Mundo de Bob (1990) que estimulava a imaginação da garotada que ficava ligado nas aventuras e aprendizagens do Bob. Em relação a imaginação destaca-se também a série animada Doug Funny (1991) que escrevia no seu diário o que fez no dia, as aventuras do capitão Codorna e sua paixão por Paty Maionese. Falando em paixão temos os Ursinhos Carinhoso (1981) que difundiam amor, amizade, paz e o bem para as crianças.

Fazendo um parâmetro com os desenhos da atualidade esse foco e esses objetivos se perderam ao longo dos anos. Hoje assistir um desenho não passar de apenas “assistir um desenho”, perdeu-se aquela lição de moral e os recados que as animações traziam para si. Talvez estou sendo muito crítico, mas precisamos avaliar o mercado, o retorno que trás para o público e a resposta do mesmo para quem sabe assim mudar, de certa forma, esse formato surreal e incoerente dos dias de hoje.

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