Céu cor de chocolate


Olhando ainda pouco algumas fotos de um album no orkut, comecei a ver os livros que o dono do album já leu, e eu me deparei com o livro do Markus Suzak que, para mim, é um grande livro e uma linda história. Observando a gravura da capa do livro e naquele momento lembrei da morte, sim a morte, e me deu uma vontade de ouvir o seu desabafo - que no começo do livro ela conta - então eu fui procurar novamente as suas palavras. Palavras que saem com despreso e sinceridade e acho que por isso me cativou. Eu queria muito colocar só o resumo, para não ficar cansativo, mas percebi que se eu cortar não vai ficar a mesma coisa, então aqui vai um trecho de A MENINA QUE ROUBAVA LIVRO.

EIS UM PEQUENO FATO

Você vai morrer.

Com absoluta sinceridade, tento ser otimista a respeito de todo esse assunto, embora a maioria das pessoas sinta-se impedida de acreditar em mim, sejam quais forem meus protestos. Por favor, confie em mim. Decididamente, eu sei ser animada, sei ser amável. Agradável. Afável. E esses são apenas os As. Só não me peça para ser simpática. Simpatia não tem nada a ver comigo.

reação ao fato supracitado

Isso preocupa você?

Insisto — não tenha medo.

Sou tudo, menos injusta.

— É claro, uma apresentação.

Um começo.

Onde estão meus bons modos?

Eu poderia me apresentar apropriadamente, mas, na verdade, isso não é necessário. Você me conhecerá o suficiente e bem depressa, dependendo de uma gama diversificada de variáveis. Basta dizer que, em algum ponto do tempo, eu me erguerei sobre você, com toda a cordialidade possível. Sua alma estará em meus braços. Haverá uma cor pousada em meu ombro. E levarei você embora gentilmente.

Nesse momento, você estará deitado(a). (Raras vezes encontro pessoas de pé.) Estará solidificado(a) em seu corpo. Talvez haja uma descoberta; um grito pingará pelo ar. O único som que ouvirei depois disso será minha própria respiração, além do som do cheiro de meus passos.

A pergunta é: qual será a cor de tudo nesse momento em que eu chegar para buscar você? Que dirá o céu?

Pessoalmente, gosto do céu cor de chocolate. Chocolate escuro, bem escuro. As pessoas dizem que ele condiz comigo. Mas procuro gostar de todas as cores que vejo — o espectro inteiro. Um bilhão de sabores, mais ou menos, nenhum deles exatamente igual, e um céu para chupar devagarinho. Tira a contundência da tensão. Ajuda-me a relaxar.

uma pequena teoria

As pessoas só observam as cores do dia

no começo e no fim,

mas, para mim, está muito claro que o

dia se funde através de

uma multidão de matizes e entonações,

a cada momento que passa.

Uma só hora pode consistir em milhares

de cores diferentes.

Amarelos céreos, azuis borrifados de

nuvens. Escuridões enevoadas.

No meu ramo de atividade, faço questão

de notá-los.

Já que aludi a ele, o único dom que me salva é a distração. Ela preserva minha sanidade. Ajuda-me a agüentar, considerando-se há quanto tempo venho executando este trabalho. O problema é: quem poderia me substituir? Quem tomaria meu lugar, enquanto eu tiro uma folga em seus destinos-padrão de férias, no estilo resort, seja ele tropical, seja da variedade estação de inverno? A resposta, é claro, é ninguém, o que me instigou a tomar uma decisão consciente e deliberada — fazer da distração minhas férias. Nem preciso dizer que tiro férias à prestação. Em cores.

Mesmo assim, é possível que você pergunte: por que é mesmo que ela precisa de férias? De que precisa se distrair?

O que me traz à minha colocação seguinte.

São os humanos que sobram.

Os sobreviventes.

É para eles que não suporto olhar, embora ainda falhe em muitas ocasiões. Procuro deliberadamente as cores para tirá-los da cabeça, mas, vez por outra, sou testemunha dos que ficam para trás, desintegrando-se no quebra-cabeça do reconhecimento, do desespero e da surpresa. Eles têm corações vazados. Têm pulmões esgotados.

O que, por sua vez, me traz ao assunto de que lhe estou falando esta noite, ou esta manhã, ou seja lá quais forem a hora e a cor. É a história de um desses sobreviventes perpétuos — uma especialista em ser deixada para trás.

É só uma pequena história, na verdade, sobre, entre outras coisas:

* Uma menina

* Algumas palavras

* Um acordeonista

* Uns alemães fanáticos

* Um lutador judeu

* E uma porção de roubos

Vi três vezes a menina que roubava livros.

Comentários

Andrey disse…
me empresta?xD
T.Ribeiro disse…
depois desse livro eu recomendaria "as intermitências da morte"
José Saramago)
mas acho que seria demais xD
uma dose de loucura a mais...
e algumas sessões de psicoterapia depois.
bj
Olá Paulo (:
sou Natália Viana do blog "conversa de fashionista" to aqui pra avisar que o mesmo teve sua senha roubada por isso terminaram as postagens, mas eu to com um blog novo com uma nova parceria , passa pra conferir (:
PauloScap disse…
"uma dose de loucura a mais...
e algumas sessões de psicoterapia depois." Jesus =O

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